WiFi 5 Mesh, 6 e 6E
Com o crescimento do consumo de dados móveis, da ordem de 30% ao ano, que deverá aumentar com a chegada do 5G, as tecnologias para escoamento do tráfego offload terão um papel fundamental para complementar a cobertura das redes sem fio. Nesse cenário, ganham destaque as novas gerações do WiFi, que oferecem uma série de inovações em relação ás versões anteriores, garantindo conectividade e qualidade aos negócios.
O WiFi 6 (IEEE 802.11ax) foi padronizado pela WiFi Alliance em 2019. Atua na faixa não licenciada de 2,4 a 5,8 GHz, com taxas até quatro vezes maiores que o WiFi 5 (IEEE 802.11ac, de 2004). Com o uso da modulação 1024 QAM e UM-MIMO com até oito fluxos, o WiFi 6 permite velocidade teórica de até 9,6 Gbit/s (1,2 GHz). Com isso, provê melhor eficiência espectral e desempenho em locais congestionados, com muitos pontos de acesso e usuários acessando a rede simultaneamente, como é o caso de estádios e shopping centers.
“O WiFi 6 já é uma realidade”, disse Jonas Trunk, presidente da Linktel, operadora de serviços de hotspots WiFi públicos e privados, com mais de 23 milhões de usuários cadastrados, durante o eForum WiFI, realizado no final de julho pelo Portal Convergência Digital e Network Eventos. A empresa faz parte de uma organização mundial que reúne operadoras de celular, fabricantes de equipamentos e provedores de Internet para testes e discussão de novas tecnologias. Um case interessante foi realizado na AT&T Stadium, nos EUA, que usou 100 antes WiFi 6 para oferecer conectividade a um público de 60 mil a 80 mil pessoas. “No Brasil, para uma mesma capacidade, foram necessárias 300 antenas WiFI 5 no estádio do Morumbi, em São Paulo” disse Trunk. No Coex Mall, maior shopping Center da Coreia, que recebe 250 mil visitantes por dia, a latência foi reduzida em 80%, bem como a variação de throughput por usuário. A tecnologia de divisão de frequência inteligente OFDMA permite que vários dispositivos compartilhem os recursos do espectro, possibilitando mais conexões simultâneas. E a ativação sob demanda economiza até 30% da carga da bateria dos dispositivos com WiFi 6 conectados à rede WiFi.
Os fabricantes já comercializam roteadores e pontos de acesso com a tecnologia WiFi 6. Smartphones, computadores e outros dispositivos também começam a ser lançados.
“Com a disseminação dos roteadores WiFi 6, a tendência é de aumento da demanda pelo lado dos clientes”, diz Artur Poyares, gerente de vendas da linha Commscocpe Ruckus da distribuidora Synnex Westcon Brasil. Hoje o WiFi 6 representa cerca de 40% do total de roteadores sem fo comercializados pela distribuidora, apesar do custo 20% superior. “Os novos projetos corporativos já estão partindo para o 6”, afirma.
De acordo com previsões da Dell’Oro, empresa de estudos de mercado, a partir de 2020, a participação de mercado de 302.11ax crescerá significativamente. Até 2023, as vendas de APs indoor chegarão a 30 milhões de unidades, representando mais de 90% do volumo total de padrão inferior. Na opinião de Poyares, o investimento vale a pena. “O padrão permite a evolução da tecnologia, acompanhando a tendência de maiores velocidades nos dispositivos e menor latência de transmissão”, diz. Nesse contexto, o executivo ressalta a importância de atualização da infraestrutura de rede nas empresas que suportará o WiFi 6, como switches e até mesmo a rede de cabeamento. “Vamos elevar o acesso WiFi de 1 Gbit/s para pelo menos
2,5 ou 5 Gbit/s. Se o cliente usa um cabeamento Categoria 5, com 100 Mbit/s, não será possível trafegar 200, 300 Mbit/s. A infraestrutura se tornará um gargalo”, alerta.
Para Paulo Frosi, diretor comercial da Connectoway, distribuidora de produtos e parceria certificada VAP da Huawai no Brasil para fornecimento de equipamentos IP, transmissão e acesso, a capacidade de escoamento de dados dos provedores regionais e operadoras é fundamental para a evolução da infraestrutura e sucesso da tecnologia. “Os provedores regionais já estão investindo muito em backhaul, anéis DWDM e GPON dedicadas. Agora o desafio é oferecer novos serviços para rentabilizar suas redes”, diz. Segundo ele, o WiFi 6 permitirá agregar valor, principalmente no mercado B2B, como grandes varejos, indústrias e empresas. “ O provedor poderá entregar um serviço com maior lucratividade e percepção de resultado sobre o link que já está colocado ali. A tecnologia abrirá uma gama muito grande de serviços que antes não eram possíveis”. Diz. Segundo ele, a Connectoway já está fornecendo roteadores WiFi 6 e em breve chegarão da China as ONUs compatíveis com o padrão. No mercado corporativo a empresa também está participando de testes com clientes envolvendo o WiFi e complementariedade de coberturas. “Um único roteador poderá suportar até 1024 conexões simultâneas com velocidades de 10 Gbit/s. Evita, por exemplo, a situação em que hotsports públicos, mas não consegue navegar”, diz. Outros recuros do WiFi 6 incluem direcionamento de sinal, estatísticas, gerenciamento via cloud e plena compatibilidade para o IoT – Internet das coisas no roteador, que pode ainda receber cartões específicos para proporcionar funcionalidades como Bluetooth, Lora e Zigbee. Com isso, os equipamentos deixam de ser simplesmente um ponto de acessoa à Internet com WiFi e se tornam um ponto de conectividade de serviços com protocolos coexistentes na rede, ou seja, um complemento para o 5G.
WiFi 6E
Além do WiFi 6, uma outra novidade é o WiFi 6E, que prevê o uso da faixa não licenciada em 6 GHz (de 5925 a 7125 MHz). A Anatel está atualmente discutindo se vai dedicar a faixa integral de 1200 MHz para o uso não licenciado ou se reservará somente parte do espectro (500 MHz) para essa aplicação, deixando o restando para uso licenciado pelas operadoras móveis. A previsão é que o assunto seja aprovado até o final do ano, após deliberação e consulta pública. Para Jonas Trunk, da Linktel, trata-se de assunto de grande importância, uma vez que o WiFi 6E poderá atuar como um complemento final do 5G, inclusive no aspecto da latência, semelhante nos dois casos, da ordem de 1 ms. “Assim que sair a regulamentação do WiFi 6E, faremos um trial no aeroporto de Salvador”, diz Trunk. Na avaliação de Eduardo Neger, presidente da Abranet, os espectros não licenciados são importantes para fomentar novos negócios. Foi com base nos rádios de 2,4 e 5,8 GHz, inclusive, que os provedoresregionais cresceram e conquistaram espaço no mercado de banda larga no país. O WiFi também foi decisivo para que a Bemol, rede varejista com sede em Manaus, AM, aumentasse suas vendas online. A empresa instalou hotspots nas lojas e nas cidades onde atua. O projeto começou há nove anos e surgiu como forma de atrair clientes para seu e-commerce, uma vez que a região carece de serviços de banda larga. “Com o WiFi gratuido, as vendas tiveram crescimento de 25 vezes’, disse Jesaias Arruda, gerente de TI do grupo. Em 2019 a Bemol registrou 24 milhões de acessos em sua rede. Com a chegada do WiFi 6, a varejista quer ampliar seu alcance, oferecendo melhores serviços e menor latência.
Provedor aposta em WiFi 5 Mesh
Para melhorar a cobertura de sinal e o fim das chamadas “zonas de sombra” nos assinantes, muitos provedores estão avaliando o uso de WiFi 5 Mesh, que transforma o sinal de WiFi em uma grande malha de conexão, proporcionando cobertura total em todos os espaços do ambiente, através dos dispositivos instalados e distribuídos em locais estratégicos. Por proporcionar uma rede única, os usuários experimentam uma conexão sem queda de sinal ou perda de velocidade ao se deslocar pela residência ou escritório.
A Zamix, provedor de Internet com sede em Volta Redonda, RJ, vai passar a adotar roteadores WiFi 5 Mesh. “A ideia é começar a uma região e depois expandir a área, independente do planto contratado”, diz o diretor Fabio Lima. A empresa também atua em Volta Redonda, Resende, Vassouras, Mangaratiba, Valença e Barra do Piraí com planos de 100Mbit/s a 1 Gbit/s.
A Zamix realizou testes de homologação nos equipamentos da Nokia, Huawei e Dasan Zhone, iniciando suas atividades com duas primeiras. “Só estamos esperando as remessas da Huawei chegarem para iniciarmos as instalações”, afirma o executivo. Segundo ele, o WiFi 6 ainda tem um custo muito elevado para aplicações residências. Por isso, enquanto padrão 802.11 ax não ganha escala, a solução Mesh atende às suas demandas. “Fizemos vários testes com ONUs e roteadores Mesh, conectados via cabo Ethernet e wireless. Os resultados foram excelentes”, diz. O roaming é automático e sem perda de qualidade do acesso para o usuário, permitindo aumentar a cobertura de forma transparente utilizando um único SSID para toda a rede, independente da frequência escolhida (2,4 ou 5,8 GHz). Apesar do maior custo em relação aos roteadores WiFi convencionais, o investimento vale pena, na sua opinião. “Desde o inicio das operações em fibra, sempre optamos pelas tecnologias mais avançadas e fornecedores conceituados no mercado. Melhorar a cobertura WiFi acaba resolvendo muitos problemas que o assinante acredita ser do acesso” afirma. A seguir apresentamos a oferta de WiFi 5 Mesh e WiFi 6 dos fornecedores no Brasil.